10 de dezembro de 2019. Duilio Monteiro Alves, hoje presidente do Corinthians, dirigiu-se ao banco de reservas da Neo Química Arena e percebeu que Luan, ao fim do jogo beneficiente de Emerson Sheik, procurava por água. Rapidamente, o então diretor de futebol se movimentou, perguntou a uma, duas pessoas, e apareceu com um copo para o meia.
O cortejo seguiu durante toda a noite. Minutos mais tarde, na zona mista do estádio, quando mais uma vez foi flagrado ao lado do jogador, Duilio sorriu e brincou com os jornalistas: “Vocês gostam de uma polêmica, né?”. O esforço do diretor para agradar o futuro reforço era público e notório. E deu certo!
– Ele sabia que eu tinha o sonho de vestir a camisa do Corinthians. E eles também queriam – disse o jogador.
Semanas depois, Luan foi contratado pelo Corinthians por R$ 28,95 milhões. Deixava o Grêmio após seis anos de sucesso, mas em declínio na reta final. Mesmo assim, chegava ao Timão com o status de Rei da América, prêmio pessoal obtido com o título da Libertadores de 2017, e a certeza de que uma mudança de ares para o clube do coração seria a chance de guinar a carreira.
Mas ainda não foi…
Passados 15 meses, Luan nem de longe entregou o que se esperava dele. A expectativa depositada na contratação virou frustração para os corintianos. Mas o que aconteceu com Luan?
– O que eu fiz não foi à toa, sei da minha capacidade. Acredito, sim, que possa voltar a jogar da forma que estive no Grêmio. Estou me dedicando para que isso volte o mais rápido possível – falou o meia.
Só que o garoto criado na Vila de São Jorge, na periferia de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, não se resume apenas ao futebol. É muito mais do que isso. E por toda sua trajetória na infância, vendo de perto caminhos mais tortuosos, Luan se considera um vencedor, apesar do mau momento dentro de campo.
– Eu tive tudo para ir para a vida errada, moleque que não tinha nada. Tive vários convites. Mas sempre pensei na minha mãe, na minha família, em dar orgulho para ela. Independentemente se fosse jogando bola, estudando…
No Grêmio, Luan foi um case de sucesso. E não só pelos seis títulos conquistados no profissional (a Copa do Brasil de 2016, a Libertadores de 2017, a Recopa Sul-Americana de 2018, o Gauchão de 2018 e 2019 e a Recopa Gaúcha de 2019).
Contratado pelo clube gaúcho em 2013, após uma Copa São Paulo de Futebol Júnior pelo América de Rio Preto, o meia foi promovido ao time principal no ano seguinte, em 2014. Passou ao menos seis meses em um projeto chamado “Lapidar”.
– Cheguei ao Grêmio no final de fevereiro, e o contrato era até dezembro, muito curto, e de empréstimo. Não jogava. Participei desse projeto, que me ajudou muito porque não tive muita base. Quando não ia para o jogo, fazia o projeto. Melhorou minha adaptação ao campo. Até então, era mais salão. Ajudou a me adaptar o mais rápido possível – disse Luan.
Nesse processo de lapidação, Luan teve como técnicos Enderson Moreira, Roger Machado, Felipão e Renato Gaúcho. Mas se o ápice foi com Portaluppi, ao vencer a Libertadores de 2017, a consolidação do protagonismo foi com Roger, pouco antes, de acordo com quem acompanhou de perto todos estes momentos.
– Roger Machado agregou ao Luan muito valor como jogador e como atleta. E o Renato soube explorar o que ele tinha de melhor. Creio que o melhor momento de Luan é como meia-atacante ou falso 9. Se você lembrar do Grêmio campeão, os melhores jogos, você tinha o Luan mais centralizado com essa função de jogar entre os atacantes e centroavante. Luan é jogo construído, de associação – analisou Júnior Chavare.
Apesar dos elogios, Luan carrega consigo o estigma de, às vezes, parecer desconectado do jogo, de desligar quando não toca muito na bola ou de entrar de cabeça baixa. Algo que certamente intesifica as críticas em momentos ruins, mas que sempre fez parte de seu jogo. É o “mundo Luan” mais uma vez em ação.
– O Luan é extremamente talentoso, mas não tem isso de ir para o chão, dar carrinho. Nunca vi fazendo isso. Era um jogador mais tímido, mas conseguia criar muitas situações de gol e ser decisivo. Havia essa cobrança por esse espírito de guerreiro. Muitas vezes, no Sul, o camisa 10 do gremista é o camisa 5. Mas Luan nunca foi esse cara – falou Enderson Moreira.
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